22.5.09

Os mandamentos da vontade

Há mais de dois mil anos, paira sobre nossas cabeças, algumas orientações vindas da Igreja Católica, sobre como devemos agir no cotidiano. Os dez mandamentos, por exemplo, escrito, segundo a lenda por Deus, enumera modos de inter-relacionamento humano. Mesmo quem não é Católico Apostólico Romano já ouviu essas sugestões.
Ok! Não posso matar. Não posso cometer adultério. Não posso roubar. Não posso cobiçar o que é do próximo. Mais por quê? Por mais que tenham sido escritos em pedras e tenham sido divulgados pelos quatros cantos, às vezes, não entendo essas regulagens.

Vejamos! As regras e leis permitem que as relações sócio-culturais acontecem, já que sem elas viveríamos numa bagunça generalizada. Até aí tudo bem. Então, por que mesmo assim tenho vontade de matar um monte de gente? Por que minha cama não é habitada apenas por quem estou amando nesse momento? Por que sempre que vejo algo muito pequeno em uma loja penso que isso caberia no meu bolso e ninguém nunca iria saber que levei. E por que ainda desde pequeno espio a grama do outro? Se Deus nos criou e criou os mandamentos porque não criou também um mecanismo capaz de subtrair de nossas mentes toda e qualquer forma/ pensamento não condizente com as leis por Ele imposta? Tenho a sensação que sou um eterno pecador! Nada de céu com anjinhos de cabelos cacheados tocando harpa pra me receber.

Mas penso que o céu deve ser chato. Imagina aquele monte de gente boa, falando baixinho, olhando nos seus olhos, te ajudando sem pedir nada em troca, bebendo água, comendo verduras, tomando homeopatia e escutando música clássica ou sons da natureza. Inferno aqui vou eu!
Engraçado essa coisa de céu e inferno. E você, já comprou seu ticket pra um dos dois lugares? Onde acha que acabarás? Como tem vivido seus dias? Como andam seus pensamentos? Os meus andam em círculos na velocidade nível seis. Sempre desejei saber se os pensamentos vêem primeiro que a vontade ou a vontade vem dos pensamentos? Freud ainda esta pensando a respeito.

Pra aliviar um pouco meus pecados decidi ajudar minha vizinha. Mas agora eu que preciso de ajuda. Alguém pode levar uma carta minha pra Deus? Coisa simples, vou até dizer o conteúdo antes para ninguém ter problemas na imigração:
Oi Deus tudo bem contigo? E aí, o que tem achado do mundo que você criou? E das pessoas? Ainda acha que isso é o paraíso? Mais não vou te encher de perguntas, deve estar super ocupado com a crise mundial, com os torcedores do Corinthians, com as mulheres que querem casar, com os desabrigados das chuvas e com os que não têm o que comer na janta.
Coisa rápida: Minha vizinha sempre acreditou muito em Você, até que um dia a Martha a levou num Centro Budista, desde então, ela passou a acreditar que Buda, sim, é quem opera milagres. Não adianta nem o que a mãe e o pai falem pra ela, esses dias até a vi erguer a mão em direção a sua mãe. Mais tudo isso começou, quando a Norminha mudou lá para a nossa rua e passou a desfilar pra lá e pra cá com seu carro, suas roupas de grife e o seu celular novinho.
Enlouquecida a vizinha começou a dar em cima do marido rico da Judith. Todo mundo no bairro sabia que a vizinha era invejosa, mais amante foi novidade. Nisso, foi pega roubando na venda do Sr Pedrinho, na polícia ela jurou de pé juntos que não havia pegado nada. Chegou aqui na rua de camburão e tudo.
Mas minha pergunta é a seguinte: a vizinha foi pega na cama com o marido da Judith, nervosa correu por guarda-roupas, lá encontrou um revólver, fora de si apontou pro amante e pra Judith e sem pensar atirou em sua própria mãe que tinha acabado de entrar no quarto. Desde então a vizinha esta presa. Hoje, ela é evangélica e prega no presídio aos domingos. E ela mandou te perguntar se ela se arrepender, ela tem um lugarzinho aí no céu pertinho de Ti? Ela prometeu que a partir de agora seguirá seus mandamentos. Aguardo sua reposta.

Atenciosamente!