11.7.09

Confissões de um Elevador

Oi gente!
Resolvi me expressar no Clube do Bem porque li que aqui podemos ser quem realmente somos. Pois bem! Meu nome é Elevador, alguns me chamam de Mesmo, isso: Mesmo. Odeio, ora! “Antes de entrar no Elevador, verifique se o Mesmo encontra-se parado neste andar”. Ei! meu nome é Elevador. Alguém gosta de ser chamado de “isso” ou “aquilo”? Ok! Já me acostumei, meu analista já pediu pra eu virar essa página. Mas meu objetivo aqui é dividir com vocês um pouco do meu dia-a-dia.

Estou presente em vários lugares, basta ter mais de quatro andares que lá me colocam. Sei que sou útil, que sem mim muitos não agüentariam, isso me faz bem, mas chega uma hora que cansa, sabe?
Esses dias num condomínio na zona sul do Rio, a Nair do 302, entrou com aquele seu cheiro de rosa afogada, aviso: quando passarem perfume pensem em mim, não sou obrigado a suportar qualquer cheiro. Voltando! Essa Nair não presta, pessoal, toda vez que ela entra, de imediato, começa a cutucar o nariz e tira aqueles (como dizem no Sul) “tatu” do tamanho do Cristo Redentor e coloca, estrategicamente, debaixo do espelho. A Susi, da limpeza, nunca enxerga. Me sinto sujo.


Já num escritório em São Paulo, em plena Paulista, só gente chique, pensei: aqui vai ser moleza, vou ter ajudante e tudo, que nada. Uma cambada de peidorreiros! São tudo uns porcos, bastam estarem sozinho, pronto! Soltam cada peido que até paro para pensar no que esse povo anda comendo: será refogadinho de urubu? E eu, como fico nessa? Outro dia numa rede de lojas em Minas a ascensorista pegou uma senhora limpando a remela dos olhos e colocando embaixo do botão de número 5. Nojenta! Limpa na calça.


Nos blocos, então, é difícil conviver. Como pobre é pobre. Diariamente escarram na minha cara, ficam me mostrando aqueles dentes cheios de cáries e restaurações de amálgama, as meninas tiram a calcinha da bunda e cheiram a mão em seguida, sem falar nos dias de chuva... como pobre toma chuva! Mas pô! Se seca antes de entrar, não sou obrigado!


Por outro lado, adoro dias de orgia! Pessoal, como vocês gostam de fazer as coisas, digamos, me tendo como testemunha ocular. Esses dias a Fernanda do 809, noiva do Murilo do 704, estava de coisinha com o Jonas e o Danilo do prédio da frente. Pasmem, ela nem falava. Sem esquecer os adolescentes que adoram se iniciar me tendo como observador. Aviso, olho mesmo! O ruim é que sempre sobra pra mim: camisinha no cantinho, quando não... deixa pra lá.


E as feias, como gostam de se olhar. É impressionante. Elas acham que do térreo ao 5° andar um milagre vai acontecer! Ei, Jesus não anda de elevador, ele só vai de escada. Não adianta, já falei, implorei, pedi pra Deus falar com ele, mais não tem jeito. Até que um dia o encontrei e perguntei se havia algum problema comigo, enfim? Ele bem sucinto respondeu:
- Preciso manter meu corpo em forma, afinal, fico pregado por aí sem camisa, imagina se iriam rezar para um gordo barrigudo com queixo duplo?
Pensei, é mesmo. Melhor se exercitar e não piorar a merda que já fizeram. Viu, feias, milagres não existem.


Pra finalizar vou deixar um aviso: não gosto de bicho me cheirando, que mania que esses seres têm de cutucar meus cantos. E essa voz que andam colocando nas minhas versões modernas não é minha voz de verdade, gravei 38 vezes a frase: térreo e acharam que não ficou bom. Bem, decidiram abrir um concurso cultural com patrocínio do Ministério da Cultura e a voz escolhida foi a da Renatinha. Gente, escolheram uma fanha tendo orgasmo, poxa! que voz é aquela? Ah! respeitem a lotação indicada na placa, não fiquem pulando enquanto eu trabalho, tentem não me machucar quando a porta emperrar, não aceito mais ser elevador de carga e quando tiver a placa "em manutenção" tentem não me xingar. Desculpem o desabafo, só tentei ser eu mesmo.