20.5.10

Pequenas verdades

Quantas vezes disse sim àquela segunda fatia de torta doce demais.
Perdi a conta das balançadas de cabeça que dei, como quem diz sim, àquelas conversas indigestas.
E os não, não, não tem problema, não; interminavelmente pronunciados.
Inúmeros nós cegos na garganta, quanta dor no peito pulsante, copos de lágrimas que encharcaram a manga da camisa por um não que não foi dado ou por um sim mascarado.
A revolução das pequenas verdades ainda esta longe de acontecer. Por mais que queira não me vejo com um placa pendurado ao pescoço dizendo:
Não empresto minhas roupas!
Sim, estou em casa, mas não quero que você me visite!
Não, realmente, não ficou bom assim ou desse jeito!
Eu quero ir por aqui!
O que me conforta é que estou sempre brincado de Vai, Jé. Fala a verdade!
Festa de Natal com toda a família, reuniões da empresa, fila de banco, primeiro encontro e, claro, após todos os momentos que troco o verdadeiro valor do sim e do não; o Jé entra em ação e fala tudo, tudo mesmo.
Até quando vou seguir brincando? Até o dia  em que o Jé resolver sai do imaginário e partir pro real.
Enquanto isso brinco. Afinal, o que é mais uma fatia de torta?