22.3.11

Ele e Ela


Dois velhinhos.
Ela não ouvia lá muito bem, quase nada.
Ele a ajudava a escutar.
Ela confiava no que ele a transmitia.
Dois  café com leite, disse ele.
E uma rosca doce daquelas ali, completou ela.
Quem coloca as duas colherinhas de açúcar em cada copo e o cravo da índia trazido no bolso do casaco é ele.
A manteiga só de um lado do pão cortado ao meio é ela quem passa.
Ele espera, afinal,  também confia.
Ela bebe.
Ele come.
Não falam nada e nada se ouve.
Apenas olhares iluminados por um amor cego.