12.6.09

Carta a Santo Antônio

Oi santo Antônio, tudo jóia! Espero que ao receber essa carta o senhor e a criança estejam bem. Eu sei que seu dia é só amanhã, 13, mas achei relevante te escrever hoje, 12. Na verdade, como te intitulam o santo casamenteiro, gostaria de algumas orientações.
Estive conversando com uma amiga de quase 30 esses dias e discutíamos o medo ou não de amar. Mais aí fiquei pensado: será que é possível dois sentimentos tão distintos andarem lado a lado? Normalmente temos medo de morrer dentro de um elevador, de cair da sacada, de estar parado na sinaleira e um carro passar por cima dos nossos pés, de ser engolido pela onda do mar, de acordar e não poder mais enxergar. Mais medo de amar? O senhor tem como definir o amor pra mim, por favor?

Às vezes, acredito que ele seja como um perfume: no início é forte, depois vai ficando gostoso, intenso na medida, perceptível na rua, capaz de marcar, mas depois sinto que vai ficando mais como se fosse uma sensação, sabe? E com o caminhar do tempo ele passa e se vai. Engraçado. Quando compramos um perfume temos a opção de escolher com seis, oitos, doze ou 24 horas de fixação. Toninho, sabe se pelas suas bandas tem essas alternativas em relação ao amor? Seria legal se pudéssemos comprá-lo com tempo de duração. E o melhor ainda, se tivéssemos a opção de adquirir outro frasco igualzinho e com a mesma fragância quando o fim se anunciasse. Ou quem sabe, quando se encher desse de 30 ml, trocar por um outro, com um novo design e de 50 ml. Afinal temos que investir!

Mais pelo jeito o amor não cheira assim tão bem. Em alguns momentos percebo que chega até a feder. Toninho, mais será que nesses momentos entram em cena nossos sentimentos engavetados? Porque eu não consigo entender como quem ama vasculha um celular que não é seu atrás de mensagens alheias. Ou mesmo, porque se diz estar com raiva profere coisas que assustam. Acredito que quando se ama, certas coisas não se sente, mesmo irado. O grau de elevação do amor em relação aos outros sentimentos creio e espero ser maior.
Mas deixando o romantismo de lado, esse medo de amar, pode ser culpa de cada um de nós, pois sair do nosso quadrado, ir até o do outro, sair de lá e criar um terceiro quadrado, de nome: meu, seu e nosso; pode ser complicado. São muitos sentimentos reunidos, saída da nossa zona de conforto, conhecer o novo, e construir algo que será dividido. Não! Parece demais. Por outro lado, e se o quadrado for bem bom, daqueles que não dá vontade de sair? Pra saber só entrando, né?
Toninho, aguardo suas repostas. Ah! Se tiver uma simpatia boa, daquelas que fizeram pra você e deu certo, manda como anexo, por favor!
Um grande abraço em ti e na criança!