2.7.09

Procura-se um amor

Fui dormir com uma vontade de ter um amor. Mas aquele que cheira ao nosso doce preferido e não à pasta de dente, conhece? Esse! Um amor natural, inventado, sem melodramas e bula de prescrição.

No meu quarto escuro, minha mente mais parecia uma projeção de um filme 8 mm. Rodava e fazia um pequeno barulhinho capaz de afastar o sono para bem longe.
Comecei a contar carneirinho para tentar driblar minha escravidão em relação aos meus desejos. Quando cheguei no 33, notei que sou um animal descontente e insatisfeito.
Quero um amor verdadeiro e sincero, e agora?

Fiz um retrocesso mental em busca de possíveis amores. De cara descartei 75%, pois não passavam do terceiro por quê? Quero um amor que chegue pelo menos ao quarto, sim, visto que, responder a porques é fundamental numa relação.

Lembrei dos amores do tempo da escola, dos olhares trocados nos corredores, do lápis coloridos na boca, do “até amanhã” dito no portão; mas quando estava perto do carneirinho de número 48 pensei: já devem ter achado a tampa de suas panelas, quem não achou?

Foi quando cai nos bons  tempo das reuniões dançantes. Será que se reuníssemos aquela mesma turma não sairia casamento?
Ali ninguém gostava de dançar com a vassoura, provavelmente todos encontrariam seu par. Será? Mas, de repente, me veio na memória às tantas vezes que segurei a vassoura nas tais festas modernas, as chamadas baladas. E nem com álcool rodando no sangue consegui me libertar da vassoura imaginária.

Descartei salas de bate-papo, agências de casamentos e simpatias. Santo Antônio até hoje não respondeu a minha carta, talvez, esteja buscando o significado do amor. Antes de desistir resolvi colocar um anúncio no jornal, nos classificados de domingo:

Procuro um amor que não cheire a pasta de dente
Que faça do limão uma limonada
Que não brigue comigo por eu morder as pontas das canetas
Que aceite meu pijama com furos e minha coberta do He-Man
Que não se importe em dormir com a luz meio acesa
Que brinque de Stop nas madrugadas em que o sono não vier
Que limpe o nariz na minha frente quando eu estiver de costas
Que tome o restinho de sopa direto no prato
Que não espiei meu celular
Que esprema meus cravos
Que goste de comer brigadeiro no prato e de colher
Que não tenha amigos famosos
Que valorize o ser e o não ter
Pode ter Quase 30 ou mais

Que seja gente de verdade
Não exijo referências apenas honestidade.
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procuro_um_amor@hotmail.com