9.11.09

Coisas de Maria

Olá Maria Madalena!
Espero que ao receber essa carta você esteja bem. Quem lhe escreve aqui é uma pecadora. Não gostaria de me lamuriar, enche-la de reclamações, no entanto, a vida tem me atirado algumas pedras e desses embates tenho saído ferida.
Não sei se cabe adentramos nesse assunto, mas como foi se relacionar com Jesus Cristo? Acredito que não tenha sido fácil, visto que ele, com a mania de globalizar e evangelizar raramente tinha tempo para você.
Também sou a dita moderna, prego por aí que amores vem e vão. E juro pelo seu Jesus que não existe uma forma padrão de se amar. Sempre enchi a boca pra dizer que seria egoísmo nosso acreditarmos que nascemos para sermos apenas de uma pessoa. É, mas fui pega no fim da rua e sem opções de direita ou esquerda. E agora, Maria?
Se estiver sendo inconveniente, por favor, me fale, mas Jesus nunca chegou a assumir você, né? Pelo que soube viveram sempre às escondidas. Como suportou ser uma espécie de amante? Sim, porque ele vivia dizendo que era casado com a fé, com a Igreja, com as ovelhinhas do rebanho, menos contigo.
Noite passada, numa daquelas análises de travesseiro, percebi que não sou tão contemporânea assim, tento mais não sei ser sexo casual. Aliás, sei, mas na teoria, porque na vida prática, real, dura e romântica me ferro. Esse negócio de estar a disposição do seu bem-querer quando ele quiser, decididamente, não.
Mada, não sou de se jogar fora, tenho algumas falhas, mas nada que o vizinho não tenha, sabe? Peco e em seguida já peço perdão. E do que adianta? Pra ser sexo casual? Será que tenho que virar o disco e tentar o próximo da fila? E você, me conta, chegou a experimentar algum dos apóstolos? O Pedro era um partidão!
Daqui a pouco mais um fim de semana , estou cheia de planos , mas vai ser chagada a hora de jogá-los pelo ralo, pois casualidade pressupõe espontaneidade.
Vou parar por aqui, me responda, por favor. Preciso de uma luz divina porque decididamente não sei se devo lutar e transformar essa casualidade em cotidianidade.
Um beijo,
Da sua admiradora, Maria Madalena